BLOG O impacto da pandemia na saúde mental

O impacto da pandemia na saúde mental

Publicado em 24/08/2021

Estamos vivendo dois tipos de pandemia. Uma da qual a mídia fala o tempo todo, a medicina se desdobra pra tratar e a comunidade científica tenta compreender. Outra silenciosa.

O segundo tipo de pandemia (silenciosa) ainda temos poucos dados científicos, que veio em decorrência da primeira, e que podemos observar no aumento da busca por atendimento psiquiátrico e psicológico.




O que podemos perceber claramente é que assim como a Covid-19 se comporta de modo único e imprevisível em cada organismo, os efeitos psicológicos também se manifestam de diferentes modos e intensidades em cada sujeito.

Para citar os mais comuns:

  • aumento da obesidade
  • comportamentos compulsivos para álcool, drogas, bebidas, compras;
  • depressão, ansiedade e pânico.
Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), depressão e ansiedade, pioraram significativamente seus sintomas com prejuízos à vida pessoal e a atividade laborativa, enquanto outras desenvolveram essas doenças em razão da perda do laço social e da ameaça de morte.

Os prejuízos a saúde mental ainda serão perceptíveis por muitos anos. É preciso aguardar o tempo de compreender todo o fenômeno para concluir sua abrangência.

Há pessoas que negam a doença colocando a própria vida e de outros em risco, e por outro lado há pessoas que desde o início da pandemia não saem de casa, nem mesmo pra se tratar em questões de saúde, o que agrava doenças preexistentes que em breve chegarão aos sistemas de saúde sobrecarregando-os também.

DE QUE MODO A PANDEMIA PRECIPITOU OS DANOS À SAÚDE MENTAL?

Há três pontos a se observar:

  1. Em primeiro lugar há o medo. Medo da doença e suas sequelas, medo da morte, medo da perda das condições da manutenção financeira da vida;
  2. Em segundo lugar, o isolamento social revelou dificuldades nos relacionamentos íntimos ocasionando separações, aumento da violência contra a mulher, stress na adaptação da nova rotina com os filhos dentro de casa e aumento do sentimento de solidão;
  3. O terceiro ponto pode ser visto com o aumento do uso das redes sociais e jogos virtuais, que além de contribuir para o aumento da ansiedade também eleva consideravelmente os níveis de infelicidade com comparações das formas ilusórias do sucesso e felicidade alheia.
Para sobreviver a esses sentimentos e ao medo da morte como um fato certo e imprevisível em nossa vida, criamos um modo ilusório de viver, buscando o Ter em detrimento do Ser, uma sociedade altamente competitiva que não ensina aos mais jovens, valores essenciais à convivência e à capacidade de lidar com a perda e as próprias emoções.


Estamos vivendo em uma sociedade que destrói de modo cruel, uns aos outros e a natureza.
Algumas formas ilusórias de viver, foram quebradas com a pandemia, ficamos diante do fato de que não importa quem você é, ou quanto dinheiro tem, isso não garante a sobrevivência ao vírus. Temos que lidar com nosso sentimento de impotência diante desse fenômeno chamado VIDA e do desamparo existencial de todo ser humano.

Toda crise traz potencialmente a possiblidade de criar, e acredito que seja o momento de questionarmos enquanto sociedade e indivíduo, sobre os valores que realmente valem a pena ter na vida. Encarar o fato de que somos frágeis, enquanto seres mortais, pode nos ensinar a valorizar a vida, o sentir, os laços de afeto, e a usar o conhecimento como meio de viver uma vida que realmente faça sentido.

CUIDANDO DA SUA SAÚDE MENTAL

  • Perceba emoções e sentimentos que surgiram após a pandemia;
  • Identifique se esses sentimentos têm causado prejuízos à sua vida pessoal e profissional.
  • Lembre-se, nem toda tristeza é doença. É natural nos sentirmos triste durante esses tempos. Não se cobre estar sempre bem. E se não estiver conseguindo lidar com suas emoções, busque ajuda médica e psicológica;
  • Desligue-se de notícias negativas e reduza o consumo de internet.
  • Faça pausas, medite, busque o sentido da vida pra você.
  • Descontrua, reconstrua, reinvente, tenha coragem de mudar o que não te faz feliz.

Ariane Martins
Ariane Martins
Ariane Martins
Psicóloga. CRP 103.482
Pós graduada em Psicoterapia Analítica de Grupos,
Psicanálise Contemporânea e Educação Moderna
Instagram

Utilizamos cookies para melhorar sua experiência. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.